sábado, 12 de dezembro de 2009

Por que as mulheres são mais inteligentes que os homens


Durante muito tempo, a pergunta que norteou a relação entre os gêneros foi: quem é mais inteligente, o homem ou a mulher? Este tema já foi amplamente discutido, pela ciência e pelo senso comum, geralmente chegando a conclusões nem um pouco definitivas. Por exemplo, é muito comum os machistas acharem que o fato dos grandes pensadores da humanidade terem sido, ao longo da história, majoritariamente homens, seria uma prova irrefutável do maior intelecto masculino. Entretanto, este argumento ignora, por exemplo, que as mulheres estavam completamente excluídas da vida pública, inclusive das instituições de ensino. Logo, se todos os filósofos, por exemplo, eram homens, não causa espanto que os maiores filósofos da história também sejam, naturalmente, também homens....

Ao longo das últimas décadas, a crescente igualdade de oportunidade, pela primeira vez, colocou homens e mulheres disputando os mesmos espaços na vida em sociedade. Resultado? Mulheres ultrapassando os homens nos indicadores educacionais, ocupando mais da metade das vagas nas universidades, vencendo as disputas pelos melhores cargos e uma série de outras vantagens que o tempo está nos mostrando. O que isso significa? Hoje, os dados empíricos mostram que, de fato, a pergunta anterior deveria ser reformulada, passando a ser de agora em diante “por que as mulheres são mais inteligentes que os homens?”

É exatamente este o título do livro lançado recentemente por José Abrantes, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com Lena Abrantes, sua esposa. O fato de ser escrito por um casal não é a única semelhança que podemos notar para o bem humorado e elucidativo “os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor”, de Allan e Barbara Pease. Ambos, sem entrar em um perigoso determinismo ingênuo, procuram demonstrar as aptidões naturais de homens e mulheres, bem como, por conseqüência, suas dificuldades. Curiosamente, mas certamente não por acaso, muitas conclusões são muito parecidas, inclusive o fato das mulheres serem cerca de 3% mais inteligentes, embora sigam métodos bem distintos para ratificar estes números.

Como professor do ensino fundamental, Abrantes percebeu o que qualquer mestre constata após o primeiro bimestre em uma sala de aula: o desempenho das meninas é melhor que o dos meninos. Este foi o ponto de partida que o pesquisador brasileiro adotou para desenvolver seu estudo, ou seja, a dúvida inicial que precisava ser respondida. Como método, utilizou a análise minuciosa de 137 mil notas, tiradas durante um semestre por 22 mil alunos, matriculados na instituição privada Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam), do Rio de Janeiro. Para quem leu a já citada obra de Allan e Barbara Pease, uma pergunta surge neste momento: será que estes resultados podem confirmar o que o casal norte-americano concluiu em sua obra, especialmente as interessantes análises sobre como o cérebro de homens e mulheres, por serem diferentes, permite que cada um tenha suas próprias aptidões?

De certa forma, as duas obras se complementam. A partir desta análise, foi possível concluir, em primeiro lugar, que as notas femininas foram 3% superiores às masculinas, o que, convenhamos, já era esperado. No entanto, os objetivos do casal Abrantes foram maiores, pois a preocupação principal é saber por qual motivo isso acontece. O próximo passo foi desmistificar o velho teste de QI, um favor que eles fazem para os leitores, demonstrando como este método de calcular a inteligência, por incrível que parece ainda muito utilizado, privilegia apenas algumas poucas aptidões, quase todas mais relacionadas ao gênero masculino.

O caminho seguido pelos Abrantes foi interpretarem os fatos a partir da teoria das “inteligências múltiplas”, do neurologista americano Howard Gardner. O resultado deve ter agradado até as mais exigentes das feministas radicais: enquanto os homens seriam melhores em três dos doze tipos de inteligência, as mulheres seriam melhores em nove. É a partir desta análise que o casal revela as aptidões de ambos os sexos, e, no sentido oposto, também as limitações, embora poucos utilizem esta palavra.

Os homens seriam mais hábeis usando a inteligências matemática-lógica, a visoespacial e a cinestésico-corporal, completando as três formas de inteligência em que os homens se destacariam em relação às mulheres. Com isso, as aptidões masculinas permitiriam vantagens na compreensão matemática, capacidade para entender mapas e se localizar no espaço. Eles também se sairiam melhor na inteligência corporal e, naturalmente, nas atividades que exigem força.

Em relação às mulheres, o estudo concluiu que elas possuem mais capacidade nas inteligências pictórica, ultrapessoal, interpessoal, naturalista, existencial, musical, social, linguística e emocional. As mulheres também demonstram mais facilidade para se expressar pela fala, maior entendimento sobre questões filosóficas, habilidades para desenhar, para a música e para usar os conhecimentos no meio ambiente. Além disso, elas também se saem melhor na inteligência emocional, autoconhecimento e capacidade de se relacionar com os outros, equilibrando com mais eficiência a competição e a qualidade de vida.

Não é difícil perceber que, além de ganharem dos homens por 9 x 3 no placar das múltiplas inteligências, as aptidões femininas dão ampla vantagem para elas na vida em sociedade, com destaque para a maior compreensão das questões filosóficas e existenciais, da maior capacidade artística e de comunicação, e de se relacionar com outros e com o meio ambiente. Lembrando mais uma vez da “igualdade de oportunidade”, que ganha forma apenas nas últimas décadas, talvez estas conclusões ajudem a explicar os rumos que a sociedade está tomando nos últimos anos e, certamente, nos também a prever como esta mesma sociedade deve estar organizada no futuro. Se, para o homem, esta constatação pode parecer desanimadora, certamente também pode servir como um incentivo. É hora de, humildemente, se colocar como um parceiro, ajudando sua mulher a construir um futuro melhor para todos.

Um comentário:

Lua* disse...

Os homens como se destacando nas inteligências matemática-lógica, a visoespacial e a cinestésico-corporal, e as mulheres em pictórica, ultrapessoal, interpessoal, naturalista, existencial, musical, social, linguística e emocional... podemos concluir que as mulheres têm o dom da consciência de sobrevivência e da preservação. E, por outro lado, os homens, como sendo uma cereja do bolo. Não que essa conclusão esteja a insinuar que homens sejam menos capazes mas que, na verdade, são como um complemento, uma ajuda às mulheres. Como falou, se colocar como um parceiro, ajudando sua mulher a construir um futuro melhor para todos. E mulheres adoram isso, o homem que é disposto a ajudar.