sábado, 20 de outubro de 2007

Sábado à noite

Sábado à noite. O casal se prepara para sair. Enquanto o homem assistia a partida de futebol, a mulher passou a tarde se arrumando, se produzindo para ficar bonita, despertar a atenção do parceiro. Faz o cabelo, as unhas, compra roupa nova...Tudo para ficar bonita. Agora ela está finalmente pronta. Como quem entra em cena, sai do quarto triunfal e, exibindo toda sua produção para o parceiro, diz esperando ser notada: "vamos, amor!". Como resposta, o parceiro levanta. Olha para sua companheira profundamente, que sorri já aguardando suas primeiras palavras elogiosas. Tanto trabalho, afinal, deveria valer a pena. Subitamente, o olhar do homem desvia da mulher e mira o relógio. Suas mãos, de forma bastante ágeis, pegam a chave do carro e, já dando os primeiros passos, saem suas primeiras palavras: "vamos que está na hora".

Situações como esta são bastante comuns, motivando brigas intermináveis que, aos poucos, desgastam o relacionamento. Em meio às acaloradas discussões, a quase sempre mulher diz: "você não repara em mim, não me dá atenção. Por sua vez, o homem fala: "você está exagerando. Eu simplesmente não reparei, mas isso não quer dizer que eu esteja desprezando você". De certa forma, ambos têm razão. A mulher geralmente chama o homem de insensível, e nós, para o ponto de vista feminino, somos insensíveis realmente. Contudo, para o nosso ponto de vista, masculino, nós estamos apenas agindo com naturalidade. Vamos ver o que Allan e Barbara Pease dizem sobre isso:

"Não é que as mulheres sejam supersensíveis. Os homens é que tiveram os sentidos embotados. Como no mundo feminino a percepção é muito mais desenvolvida, elas esperam que eles também sejam capazes de ler seus sinais de linguagem verbal, vocal e corporal e adivinhar seus desejos, tal como faria outra mulher. Por causa da origem e evolução da espécie humana, como já vimos, isso não é possível. A mulher parte do princípio de que o homem vai ser capaz de descobrir o que ela quer ou precisa e, quando isso não acontece, diz que ele é "insensível, nem desconfiou!". Ele reclama: "E eu sou obrigado a ler os seus pensamentos?" As pesquisas mostram que homens não são bons "leitores de mentes". A boa notícia é que, com treinamento, eles podem melhorar muito".

Isso é interessante por que, pelo fato de termos percepção pouco desenvolvida, o que alguns chamam de "inteligência emocional", não conseguimos captar o que a mulher está querendo expressar se não for dito literalmente. Mas também, como o texto diz, podemos melhor, e este é o ponto importante. Quando a mulher se veste, está sempre querendo expressar alguma coisa, algum sentimento. Está querendo, de forma não-verbal, externar alguma coisa. Em geral, quer ser notada, elogiada e, principalmente, valorizada. Meu olhar masculino também sempre teve dificuldade para perceber isso. Como ela quer se comunicar se, simplesmente, está colocando uma roupa? Nós, homens, geralmente almejamos outros tipos de valorização. Queremos ser o "melhor", o "primeiro", o "vencedor"...Estamos sempre colocando nosso ego em disputa. Como a mulher quase sempre tem uma excelente percepção, ela consegue captar a importância disso, mesmo que não seja um valor por ela prezado, e geralmente percebe a importância que um elogio neste momento teria. A relação é a mesma.

Então, o homem deve se esforçar para entender o que a mulher está querendo comunicar quando faz uma produção especial. No entanto, temos outro problema: nós muitas vezes nem reparamos nesta tal produção especial. Tudo bem, isso também tem explicação:

" Homens e mulheres vêem o mesmo mundo com olhos diferentes. O homem vê os objetos e os relaciona espacialmente, como quem monta um quebra-cabeça. A mulher percebe um cenário maior, mas nota os detalhes. A prioridade masculina é perseguir resultados, objetivos, status e poder, alcançar a "linha de chegada" e vencer a competição. As preocupações femininas são a comunicação, harmonia, igualdade, o amor e o relacionamento interpessoal. As diferenças são tantas, que parece surpreendente um homem e uma mulher em algum momento pensarem em viver juntos".

Homem, então, não vê detalhes. Não que a companheira seja mero detalhe, pelo contrário, mas nosso olhar masculino vê a mulher como um todo, e não os elementos que ela usou para fazer a produção. Provavelmente, quando o homem da cena descrita acima olhou profundamente para a mulher arrumada, ele não está nem reparando em detalhes como cabelo, roupa, maquiagem e etc. Está vendo apenas uma mulher bonita que, mais tarde, ele vai querer fazer sexo. Para a nossa mente masculina isso é um grande elogio. Contudo, saiba que a mulher não pensa desta forma, e que é necessário se esforçar para compreender os valores prezados por ela, para o bem do relacionamento.

sábado, 13 de outubro de 2007

Mulheres são complexas. Demasiadamente complexas.

Estava relendo o texto de Allan e Barbara Pease, "por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?", que se propõe, aliando dados científicos e bom humor, como os próprios autores definem, a analisar as diferenças entre homens e mulheres. O interessante neste livro é que, conforme vamos avançando na leitura, temos sempre a impressão de estarmos diante de situações do nosso quotidiano, que, com a ajuda do livro, passam a ter explicações plausíveis. Sei de alguns homens que, vamos dizer assim, não gostaram muito, mas acho que isso reflete apenas um orgulho besta. Primeiro porque, independente do conteúdo, verdades devem ser ditas. Segundo porque, ao conhecer e respeitar estas diferenças, temos condições de melhorar nossos relacionamentos, trazendo mais harmonia. É certo que, podem com razão definir alguns, às vezes o texto parece descambar para um "determinismo biológico", mas, se pensarmos que as considerações valem para a média de indivíduos e, tendo sempre em mente, que os próprios indivíduos são diferentes entre si, é uma ótima leitura para que "eles saibam mais sobre elas" e, no sentido oposto, "elas saibam mais sobre eles".
Você, mulher casada, noiva ou namorada, não importa, certamente já teve, inúmeras vezes, a impressão de não ser ouvida por seu companheiro. Provavelmente, o que você definiu como "lerdeza" do homem já foi motivo de brigas e desentendimentos. Você tem razão. Realmente, e mesmo não sendo mulher percebo isso, elas precisam repetir várias vezes a mesma coisa para serem ouvidas. Todavia, fica a pergunta: você não estaria exigindo muito do seu homem? São coisas simples? Sim, coisas simples para você, mas seriam simples também para eles?
Bom, não é novidade que as mulheres usam os dois lados do cérebro, ao contrário dos homens. Vamos ver como Allan e Barbara Pease explicam isso:

"POR QUE AS MULHERES SÃO MELHOR CONECTADAS?
A ligação entre o lado direito e o lado esquerdo do cérebro é feita por um feixe de fibras nervosas chamado corpo caloso. É essa comunicação entre os dois hemisférios que permite a troca de informações. Imagine um computador sobre cada um de seus ombros e entre eles um cabo. Esse cabo é o corpo caloso. O neurologista Roger Gorski, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, confirmou que o cérebro feminino tem o corpo caloso mais denso e com mais 30 por cento de conexões que o masculino. Provou também que homens e mulheres usam áreas diferentes do cérebro para executar a mesma tarefa. Cientistas de outras partes do mundo chegaram à mesma conclusão. A pesquisa revelou ainda que é o estrogênio, hormônio feminino, que estimula as células nervosas a fazer novas conexões dentro do cérebro e entre os dois hemisférios. Estudos demonstram que, quanto mais conexões, maior a fluência na conversação. Explica-se assim também tanto a capacidade que a mulher tem de fazer várias coisas diferentes ao mesmo tempo quanto a intuição feminina. Como já vimos, as mulheres têm um melhor equipamento sensorial e, com a multiplicidade de fibras para conexão e transferência de informações entre os hemisférios, não admira que consigam intuitivamente avaliar pessoas e situações com rapidez e precisão (2000, p. 25)".

Provavelmente você, mulher, ache muito natural fazer 350 coisas ao mesmo tempo. Como faz com naturalidade, nunca pensou nisso como uma virtude, mesmo que já tenha visto - e provavelmente já reparou nisso várias vezes - seu companheiro se atrapalhar ao tentar fazer mais de uma coisa. Isso é uma situação normal, quotidiana, mas que acaba gerando muitos conflitos. Ora, sinceramente, precisa pesquisa científica para se perceber isso? Isso que você reparou, contudo, não é exclusividade do seu companheiro. Homens fazem uma coisa de cada vez! Vamos continuar seguindo a exposição de Allan e Barbara Pease sobre isso:


"POR QUE OS HOMENS SÓ CONSEGUEM FAZER "UMA COISA DE CADA VEZ"?
Todos os estudos que pesquisamos confirmam: o cérebro masculino é especializado. Compartimentado. Configurado para se concentrar em uma atividade específica. Por isso, a maioria dos homens diz que só pode fazer uma coisa de cada vez. Quando um homem pára o carro para consultar um mapa, o que faz primeiro? Desliga o rádio! A mulher, geralmente, não compreende isso. Se ela lê, ouve e fala ao mesmo tempo, por que ele não faz o mesmo? Por que ele insiste em que se desligue a televisão quando o telefone toca? "Por que ele não escuta o que eu digo quando está lendo jornal ou vendo TV?" - é uma queixa comum entre as mulheres do mundo todo. A resposta é que, devido ao número menor de fibras conectoras entre os hemisférios e à compartimentação, o cérebro masculino é configurado para uma coisa de cada vez. Observe a imagem do cérebro de um homem enquanto ele está lendo, e você vai ver que ele fica virtualmente surdo.
O cérebro feminino é configurado para tarefas múltiplas. A mulher atende um telefonema enquanto prepara uma nova receita e assiste à televisão. Ou dirige, retoca a maquiagem, ouve rádio e fala no telefone viva-voz. Se um homem estiver cozinhando e alguém lhe dirigir a palavra, ele provavelmente vai ficar uma fera, porque não consegue ler a receita e escutar ao mesmo tempo. Enquanto está se barbeando, precisa de silêncio, senão se corta. Quase toda mulher já foi acusada de ter feito o homem perder uma saída na estrada por estar falando com ele. Uma até nos disse que, quando está com raiva do marido, conversa enquanto ele faz algum conserto usando o martelo. E ele acerta a unha! (2000, p. 25)."

Quem nunca presenciou várias situações como esta, descrita acima? Chega a ser engraçado, por exemplo, desligar o rádio para estacionar ou consultar um mapa, mas, sinceramente, qual o homem que não faz isso? Se a mulher age com naturalidade ao fazer 350 coisas ao mesmo tempo, nós, homens, agimos também de forma natural ao nos concentrarmos em uma só atividade. Mesmo que inconscientemente, pois ninguém tem consciência de estar desligando o rádio para estacionar, muito menos que as duas ações não tem, a rigor, nada a ver. os autores propõem o que definem como "teste da escova de dente":

"FAÇA O TESTE DA ESCOVA DE DENTES
Experimente: escove os dentes. A maioria das mulheres consegue escovar os dentes andando e falando. Elas vão mais além: são capazes de movimentar a escova para cima e para baixo com uma das mãos enquanto com a outra dão polimento em um móvel com movimentos circulares. Quase todos os homens acham isso muito difícil, senão impossível. Quando um homem escova os dentes, seu cérebro programado para uma coisa de cada vez se dedica inteiramente a essa tarefa. Ele se posiciona junto à pia, os pés a 30 centímetros um do outro, inclina-se levemente e movimenta a cabeça para a frente e para trás contra a escova, geralmente no mesmo ritmo da água corrente" (2000, p. 26).

Uma amiga minha já havia comentado: "homem escova os dentes olhando para a pia, como se ela fosse mudar de lugar". Se você quiser, faça você mesmo o seu teste. Conheço algumas mulheres que se divertem quando os homens, ao tentarem fazer várias coisas se atrapalham (machistas, tenham bom humor, vocês também fazem as suas piadas). Brincadeiras a parte, é importante a mulher entender que esta "lerdeza", como algumas definem, não é nem de propósito e nem resultado de um descaso do companheiro. Muitas vezes, a mulher fala várias coisas e o homem simplesmente não entende. Sobre isso, Barbara e Allan vão mais além, explicando a melhor maneira de se falar com o companheiro:

"ESTRATÉGIAS PARA FALAR COM OS HOMENS
Geralmente um homem só interrompe outro quando os dois estão competindo ou discutindo. Para se comunicar com o sexo masculino, uma estratégia simples é não interromper. Para a mulher, é difícil, já que, em seu mundo, o fato de várias pessoas falarem ao mesmo tempo é sinal de contato e participação. Ela sente necessidade de intervir para impressionar e demonstrar interesse. Mas ele fica surdo a essa contribuição, além de não gostar nada de ser interrompido. "Pare de me interromper!" - em cada canto do mundo, em todas as línguas, há um homem dizendo isso para uma mulher. Sempre que o homem fala, seu pensamento está orientado para uma solução, e ele precisa chegar ao fim do período, senão a conversa parece sem rumo. Ele não consegue seguir vários raciocínios ao mesmo tempo e considera quem faz isso mal-educado ou dispersivo. Este é um conceito totalmente estranho para a mulher, que usa as constantes intervenções como um meio de estabelecer intimidade e demonstrar interesse" (2000, p. 38).

Muitas vezes, quando a mulher repete uma coisa pela décima vez, nas outras nove ela falou com o homem fazendo outra atividade, isto é, concentrado em outra tarefa. É importante pedir a atenção e, quando tiver a certeza de que o homem está prestando a atenção, falar. Também é importante ter uma pauta organizada, além de ter cuidado com as palavras, como os autores afirmam:

"Avise primeiro e organize a pauta.
Para causar impacto em um homem, informe sobre o que quer falar e quando. Por exemplo: "Gostaria de conversar com você sobre um problema que estou tendo com meu chefe. Pode ser logo depois do jantar?" Este apelo à estrutura lógica do cérebro masculino faz com que ele se sinta apreciado e busque a solução. Uma abordagem indireta seria dizer: "Ninguém gosta de mim", levando o homem a pensar que a reclamação é contra ele e cair na defensiva. (2000, 38).
COMO LEVAR UM HOMEM À AÇÃO
A mulher, mestra em fazer rodeios, usa e abusa de "pode" e ''poderia" nas perguntas: "Você pode levar o lixo para fora?" ou "Poderia me ligar mais tarde?" ou ainda "Você pode pegar as crianças no colégio?". O homem interpreta tudo ao pé da letra e, quando ouve "Você pode trocar a lâmpada queimada?", corre o risco de entender que talvez você venha a precisar de sua ajuda. Para levar um homem à ação, substitua o "pode" ou Poderia" por "vai". "Você vai me ligar esta noite?", por exemplo, envolve um compromisso, e o homem tem que responder "sim" ou "não". É melhor ouvir um verdadeiro "não" como resposta a uma pergunta do tipo "você vai" do que receber um "sim" padrão a todos os "você pode" ou "poderia". O homem, ao pedir a mulher em casamento, pergunta "Quer se casar comigo?" e não "Pode se casar comigo?" (2000, p. 40).


Utilizando referências científicas, os autores afirmam que o homem pensa de forma literal. Logo, a companheira não deve deixar margem para dúvidas. Nada mais confuso para nós, homens, que um monte de mulheres falando ao mesmo tempo. Segundo os autores:

"Um homem é capaz de ir do ponto A ao B atravessando um verdadeiro labirinto de ruas. Agora, experimente deixa-lo no meio de um bando de mulheres falando um monte de coisas diferentes ao mesmo tempo. Ele fica completamente perdido.
Essa facilidade em seguir raciocínios diferentes e complexos é tipicamente feminina. Veja a carreira de secretariado. Nesse trabalho, cumprir várias tarefas ao mesmo tempo é uma necessidade. Não é de admirar que, em 1998, das 716.148 pessoas que seguiam essa profissão no Reino Unido, 99,1 por cento fossem mulheres - havia apenas 5.913 homens. Alguns grupos atribuem isso ao fato de as meninas serem incentivadas ainda quando estudantes a esse tipo de carreira, mas essa teoria não está levando em conta a supremacia feminina em tudo que envolva fala, organização do pensamento e tarefas múltiplas. Mesmo em áreas onde há uma forte preocupação em adotar uma política de oportunidades iguais para todos, como trabalho comunitário, aconselhamento e serviço social, havia em 1998 na Grã-Bretanha 144.266 funcionários, sendo 43.816 homens e 100.450 mulheres. Onde é preciso facilidade de comunicação e fluência verbal, as mulheres predominam" .


Esta é uma questão importante que cada vez mais está sendo debatido. A superioridade na fala, organização do pensamento e tarefas múltiplas, palavras não minha, mas dos próprios autores, podem indicar que as mulheres estão mais preparadas para as tarefas exigidas pelo mundo moderno, ou, escrevendo de outra forma, que as mulheres, em média, tendem a se saírem melhor num mundo onde realizar múltiplas funções é cada vez mais importante. Não é por acaso que, em vários segmentos da sociedade, desde que conseguiram o mínimo de igualdade, as mulheres impuseram sua marca e trouxeram grandes transformações. É o caso, para nos atermos a apenas um exemplo, das universidades, fenômeno comprovado por dados estatísticos em praticamente todos os países do ocidente. Esta verdadeira "revolução silenciosa" ainda está em andamento. No entanto, após discutir tantas diferenças, uma pergunta seria inevitável. Seria, em média, as mulheres também mais inteligentes? A pergunta é polêmica. Barbara e Allan Pease, usando o trabalho da Doutora Berte Pakkenberg como referência, tratam desta forma a questão:

"Até os anos 60, a maior parte dos dados coletados sobre o cérebro humano vinha de estudos feitos nos corpos de soldados mortos no campo de batalha. E não faltava material. O problema, porém, é que quase todas as vítimas eram do sexo masculino e partia-se do pressuposto de que o cérebro feminino funcionava da mesma forma. Hoje, pesquisas revelam que o cérebro da mulher funciona de modo bem diferente do cérebro do homem. É essa a maior fonte de problemas no relacionamento entre os sexos. O cérebro feminino é um pouco menor que o masculino, mas os estudos mostram que isso não interfere no seu desempenho. Em 1997, Berte Pakkenberg, do Departamento de Neurologia do Hospital Municipal de Copenhague, na Dinamarca, demonstrou que, em média, o homem possui cerca de quatro bilhões a mais de neurônios que a mulher, apesar de que, em geral, ela alcança uma pontuação cerca de três por cento mais alta nos testes de inteligência" (2000, p.22).

Bom, o trabalho de Barbara e Allan Pease merece, no mínimo, uma boa reflexão, sobretudo por estar escorado, além de trabalhos científicos, na realidade empírica que todos observamos no quotidiano. Acho que as mulheres podem perceber que, muito da desarmonia num relacionamento, é conseqüência das dificuldades de compreender as, vamos dizer assim, particularidades do homem. Mas, como o sentido deste blog é justamente o oposto, ou seja, "o que eles devem saber sobre elas", vamos fazer o sentido inverso e tentar ver como o homem pode, a partir do longo texto acima, ajudar na harmonia do relacionamento.
Assim como na questão da imaturidade masculina, é muito importante que ambos compreendam as diferenças. O problema, mais uma vez, é o orgulho. É difícil o homem reconhecer que é mais imaturo que sua companheira, mas, quando ambos têm plena consciência disso, podem se entender melhor, compartilhando virtudes e fraquezas. Também é difícil para muitos homens reconhecer estas diferenças, até porque, na prática, a palavra diferença acaba sendo eufemismo para limitação. Lembro que tive uma professora, uma antropóloga, que sempre destacava o fato dos homens terem dificuldade de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, comentava o resultado das pesquisas sobre inteligência, afirmava que a "igualdade", na prática, estava limitada a uma visão genérica, iluminista, e que o reconhecimento das diferenças não significa a inexistência de respeito. Em outras palavras, os seres humanos devem ser respeitados em suas diferenças, sejam diferenças entre os gêneros femininos e masculinos, que certamente não se limitam aos aspectos aparentes, e a diferença individuais que todos nós temos. A própria história da humanidade, tão triste quando se fala em diferenças, é um incentivo a mais para o preconceito que paira sobre esta questão.
Sem dúvida, esta é uma longa discussão. Aqui, vale a pena ressaltar apenas que, quando esta professora exaltava as limitações masculinas, muitos colegas sentiam vergonha. Quando alguma colega brincava com este assunto, ficam nitidamente constrangidos. Dava para sentir o odor exalado pelo orgulho machista ferido. Em nossa sociedade, brincadeiras que supostamente inferiorizam devem ter sempre a mulher como vítima. Por que? Tenho amigas que, talvez numa vingança contra o machismo, conversam uma série de assuntos para, propositalmente, deixar o homem confuso. O homem atrapalhado vira motivo de riso. Pergunto: o que tem isso demais? Nós não vamos ser menos homens porque desligamos o rádio para estacionar. Agora, meu caro, estamos também na berlinda. Esta é a modernidade.
A vergonha não tem razão de ser. Vergonha de fazer uma coisa de cada vez? Ora, nós não temos culpa de sermos assim, não precisamos nos envergonhar. Não temos gerência sobre as ações da natureza. Vergonha porque temos dificuldade de acompanhar certos raciocínios, como afirmam os autores? Ora, por favor. Vivemos numa época em que as mentes devem estar abertas. Se as mulheres conseguem fazer tudo isso, parabéns para elas! Mas isso não muda em nada a vida como nós a conhecemos.
Aliás, explicando melhor, se estas diferenças existem, conhecê-las só podem apenas mudar para melhor. O ideal, segundo os autores, é que o casal saiba destas diferenças, criando uma conivência que ajuda a relacionamento. Ciente delas, nós, homens, podemos fazer o mínimo esforço para, quando a companheira estiver falando, ouvir e compreender. Se você não entendeu o que a mulher, ou mais de uma, está falando, peça para explicar novamente. Sinceridade não é prova de fraqueza, pelo contrário. Mesmo que a mulher nunca tenha lido Barbara e Allan Pease, tenho certeza que elas vão repetir com boa vontade. Lembre-se, também, que as virtudes femininas também valem para as novas tecnologias, como a Internet. Com quantas pessoas ao mesmo tempo você fala pelo MSN? Em fim, saiba sempre que as mulheres são complexas. Demasiadamente complexas. Bem mais complexas do que nossa simplicidade pode supor.