quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Meninos e meninas na escola

Nos dias de hoje, muito se tem comentado sobre as transformações promovidas pela “igualdade de oportunidade”, que, nos últimos anos, após muita luta, as mulheres estão conquistando. Contudo, apesar dos avanços no mercado de trabalho, por exemplo, já serem visíveis, é na escola, onde está igualdade já existe há bem mais tempo, que podemos perceber as diferenças entre os sexos se manifestando de forma mais evidente. É na escola, tradicionalmente, que o menino tem o primeiro contato com a realidade. Ele aprende em casa a lógica machista de que é melhor que as mulheres, mas, em ambiente escolar, percebe, ao longo dos anos, que sempre existe uma mulher melhor do que ele se destacando e tirando boas notas. Esta contradição entre a teoria e a prática da vida social o acompanhará pelo resto da vida.

O melhor desempenho das meninas na escola pode ser explicado pelo fato delas serem mais inteligentes, como os estudos mais recentes estão comprovando. Evidentemente isso é verdade, mas outros fatores se juntam a este ajudando a explicar esta realidade. Em primeiro lugar, o fato das mulheres amadurecerem mais cedo faz com que, bem antes dos meninos, elas adquiram responsabilidade e a percepção de que a escola é importante. Como parte deste processo, a capacidade cognitiva também vai estar bem mais desenvolvida nas meninas, de forma que os conteúdos escolares poderão ser aprendidos com bem mais facilidade e de uma maneira mais rápida.


Em um ambiente de sala de aula, enquanto as meninas estudam, é comum os rapazes realizarem brincadeiras bobas, dificultando a concentração e o aprendizado. Especialmente na adolescência, a garota sabe que o rapaz da sua idade ainda é uma “criança”, tanto que, nas relações amorosas, ela vai escolher homens mais velhos, menos distantes da sua capacidade intelectual, mas, em ambiente escolar, ambos são obrigados a conviver, ignorando completamente as idiossincrasias entre os sexos. Estamos diante de um problema para o sistema educacional, pois, além das meninas serem prejudicadas, uma vez que as aulas poderiam render bem mais se o professor não fosse obrigado a tentar acompanhar a capacidade de aprendizado dos meninos, os próprios rapazes acabam não tendo seu tempo de estudo, mais lento e detalhado, respeitado, de forma que ambos acabam sendo prejudicados.


É por isso que, em lugares como os Estados Unidos, é cada vez mais comum as turmas reunirem apenas alunos do mesmo sexo. Além de explorar melhor as aptidões de meninas e meninas, a escola tende a se tornar um lugar que corresponda melhor às expectativas dos estudantes. Alguns movimentos procuram estender a iniciativa para as escolas públicas de alguns estados norte-americanos, terminando com as classes mistas. No Brasil, este debate acaba de chegar, mobilizando cada vez mais especialistas. Alguns, mesmo defendendo a manutenção das classes mistas, acreditam que o ideal seria as turmas serem formadas por meninas mais novas e meninos mais velhos, para que as etapas do desenvolvimento fossem equivalentes. Esta última idéia poderia realmente reduzir as diferenças, mas, ainda assim, as meninas continuariam levando vantagem, o que dificilmente deixaria de acontecer, salvo as exceções.

Um outro problema, apontam alguns, é que as classes mistas, como vimos no primeiro parágrafo, são um microcosmo para a vida em sociedade. Sem elas, o menino não teria o “choque de realidade” ao constatar que seus aprendizados machistas não se sustentam. Além disso, a competição com as meninas seria necessária nas faculdades, que trataremos em uma outra oportunidade, e no próprio mercado de trabalho. Como, evidentemente, nós estamos falando de média, e não de dados absolutos, a minoria de meninos que teriam condições de acompanhar as meninas, assim como as poucas meninas que possuem o nível intelectual dos meninos, poderiam vir a ser os maiores prejudicados. De qualquer forma, esta discussão pode ser vista como uma prévia de muitos debates que se tornarão comuns no futuro.

Um comentário:

Lua* disse...

As vezes, podemos ver que classes mistas podem não ser bem aquela coisa de `igual para todos`, pois acaba por, obviamente, não respeitar as aptidões individuais. E, neste caso, por confundir os meninos, além do fato de, como podemos ver, e como ciencia comprova, eles tendem a amadurecer de uma forma mais lenta do que meninas. Bom post!