quarta-feira, 7 de julho de 2010

Mudanças na balança psicológica


A partir da postagem anterior, podemos perceber que as mudanças da sociedade acarretam, inevitavelmente, além das transformações concretas e visíveis ao nosso redor, mudanças também nos aspectos psicológico de homens e mulheres. Em geral, salvo as idiossincrasias pessoais de cada indivíduo, temos o seguinte quadro psicológico predominando quando um novo casal se forma: a mulher é segura e altiva, com a autoestima elevada, ciente de que pode alcançar seus sonhos. Por sua vez, os homens são cada vez mais inseguros e indecisos, com baixa autoestima, perdido e vendo o mundo que lhe foi ensinado desmoronar. Este aspecto da transformação da sociedade, menos visível mas igualmente real, gera uma série de conflitos que, muitas vezes, acaba minando e destruindo muitos relacionamentos que poderiam ser estáveis e duradouros.

É um erro, em primeiro lugar, achar que a situação atual é um espelho invertido dos aspectos predominantes antes da mudança, apenas com os papéis trocados. As mulheres, pelo menos a grande maioria delas, durante séculos vestiram o manto da submissão resignadas, como se esta fosse sua condição natural. Para os homens, ao contrário, a situação atual gera um conflito interno, pois não corresponde aos papéis aprendidos desde a infância. Além disso, o momento atual é de transição, com os novos papéis sendo consolidados e ensinados. Com o tempo, a revolta deve ceder lugar não apenas a conformação, mas, para as novas gerações, a naturalização, acomodando os instintos do homem agora submisso.

Até esta naturalização dos novos papeis, entretanto, a crise psicológica masculina desaguará, em casos extremos, na violência confirmada pelas tristes estatísticas. Todavia, se nem sempre a violência é a válvula de escape para o desequilíbrio emocional do homem moderno, a infelicidade é uma bomba que, embora menos traumática e perigosa, ameaça qualquer relacionamento. O homem que não se reconhece em sua auto-imagem idealizada tende a ser infeliz, e, neste caso, culpa a mulher pelos seus dramas e fantasmas pessoais, ratificando seu papel de macho com a traição. O homem trai, muitas vezes, para demonstrar para o amigo sua capacidade e virilidade e, deixando claro a mensagem machista de que ele não se sujeita aos desejos da mulher. Com a traição, o homem acredita estar assumindo seu próprio destino, reencontrando seu platônico mundo ideal. Sua alma pulsa novamente, vibra com a fuga de sua realidade e, psicologicamente, faz a confiança respirar momentaneamente. Desta forma, a traição faz o homem se reencontrar em uma realidade confusa e perdida, por isso é tão tentadora. É uma resposta para os seus próprios questionamentos. Entretanto, como ficam as mulheres diante deste problema que ronda o homem moderno?

A Fêmea Alfa

A mulher é a peça fundamental neste jogo de xadrez que é a vida moderna. Além de sua condição psicológica mais estável no mundo atual, elas possuem, por natureza, mais equilíbrio emocional e maturidade. Cabe a mulher, nesta fase de transição, compreender a insegurança do homem, buscando tornar este novo papel masculino menos traumático. Não se trata, pois, de abrir mão de sua nova condição de mulher e se submeter aos desejos do homem, mas, antes o contrário, tomar as rédeas da situação usando a inteligência e o equilíbrio. É a mulher, em outras palavras, que dará conforto e orientará o “novo homem”, sendo companheira e amiga, mas ocupando seu novo papel social.

Dan Kindlon define esta “nova mulher” como Alpha Girls, ou, como costuma ser traduzido para o português, a Fêmea Alfa. É cada vez mais comum nos Estados Unidos, mas também no Brasil, as mulheres assumirem seu papel de liderança, “impondo” aos homens sem trauma a nova realidade. A Fêmea Alfa é altiva, capaz, segura e consciente de seu novo papel. No entanto, sabe que os homens também são importantes, sabe de suas dúvidas e incertezas e oferece respostas, cede o colo. A Fêmea Alfa ouve, entende, compreende, procura ajudar. Ela sabe que, na construção de um mundo melhor, precisa orientar os homens a compreenderem e aceitarem seu novo papel. Se as mulheres, em suma, assumem os postos de comando e liderança, tanto na esfera pública quanto na privada, os homens precisam auxiliar as mulheres nesta tarefa, são o complemento, a cereja do bolo.

Assim, ao invés da violência e da infelicidade, o novo homem reencontra alegria e a autoestima ao saber que os antigos papéis não são naturais, mas construções histórias que se transformam ao sabor das mudanças sociais. Ele respeita a figura feminina matriarcal, sua companheira e amiga, parceira na construção de uma sociedade mais justa e humana. A fêmea Alfa que lhe ensinou a reencontrar a paz.

2 comentários:

Lua* disse...

É fato que os homens de agora em diante, têm de aceitar a realidade de que as mulheres são, por natureza, mais maduras inclusive no desenvolvimento (elas são as que amadurecem primeiro, até mesmo como se pode perceber). O homem não deveria estufar o seu peito e negar essa verdade, mas sim aceitar e ouvir mais as mulheres.

Rick disse...

Acho que não apenas ouvir, mas aceitar que a mulher, em geral, é mais preparada que ele. As novas gerações aceitarão isso com mais facilidade.