segunda-feira, 5 de julho de 2010

Autoestima feminina


Além de todas as mudanças concretas que vem transformando a sociedade nas últimas décadas, a luta das feministas produziu outra conseqüência que, mesmo não sendo tão visível, é facilmente percebida no comportamento de cada mulher: a autoestima elevada, que gera a consciência de suas potencialidades e um incontido orgulho de sua condição. Sim, as mulheres venceram, e, no rosto de cada adolescente que vislumbra o futuro, está o brilho daquelas que lutaram e superaram todas as adversidades.

O cenário atual contrasta com o tradicional papel da mulher na sociedade machista, que, entre outras barbaridades, a excluía da participação na vida pública e dos próprios direitos de cidadania. Quais perspectivas as mulheres enxergavam? Submeter-se à vontade dos maridos, voltar-se para os trabalhos do lar e, mesmo as poucas afortunadas que estudavam, estavam condenadas a uma condição secundária na vida social. Embora a maioria aceitasse este papel resignada, incorporando a ideologia patriarcal como verdade, suas perspectivas limitadas não incluíam disputar com os homens, mais preparados. Elas já sabiam seus limites, ceifavam suas potencialidades, tinham castradas desde crianças sua própria liberdade para sonhar.

Hoje, entretanto, apesar da luta continuar, a mulher esbanja autoestima para enfrentar os novos tempos. A princípio as feministas queriam apenas igualdade de condições, mas, em virtude da “superioridade natural da mulher”, como definiu o Antropólogo Montagu ainda na metade do século XX, esta igualdade de condições significa, na prática, uma vantagem para as mulheres sobre o homens. É por isso que o machismo, durante séculos, fez questão de castrar os desejos, os sonhos e as oportunidades das mulheres. Agora, finalmente disputando em igualdade de condições, a maior capacidade das mulheres se revela em números e estatísticas.

Nas escolas, nas universidades ou no mercado de trabalho, as mulheres demonstram há anos melhores desempenhos, criando uma base sólida sobre a qual as mulheres estão “virando o jogo” sobre os velhos opressores. À medida que o mundo se torna mais feminino, fica evidente não apenas as virtudes femininas, mas a fragilidade dos antigos opressores. As mulheres sabem desde a escola primária que vencerá os homens. Sabe que pode alcançar seus sonhos e objetivos, que pode respirar a liberdade e caminhar rumo à felicidade.

Autoestima masculina

Naturalmente as feministas não têm culpa, mas, se a luta das últimas décadas provocou uma reviravolta na autoestima das mulheres, uma outra conseqüência foi promover exatamente o inverso para os homens. Na verdade, as transformações ideológicas correm bem mais lentas que a vida concreta e real. Embora o mundo de hoje seja cada vez mais feminino, a maioria dos meninos são educados pelo velho modelo machista, que o confere condição de superioridade. Isso está presente, por exemplo, na forma como estes mesmos meninos, quando se tornam adolescentes e adultos, tratam as mulheres com um certo desprezo, típico das sociedades patriarcais. No entanto, a realidade é bem diferente e, como uma bomba prestes a explodir, atormenta sua mente.

Desde a escola primária o homem aprende que a vida concreta é bem diferente daquilo que foi para ele ensinado. Sempre existe uma mulher melhor que ele, tirando notas melhores e ganhando elogios. O mesmo acontecerá na universidade, quando, para entrar, ele perderá a vaga para muitas mulheres, e no mercado de trabalho, em que provavelmente ele terá uma chefe mulher e mais nova. Felizmente para os homens, a imaturidade aliena sua alma, de forma que a realidade nua e crua é muitas vezes ignorada. Até a fase adulta grande parte dos homens só querem curtir a vida, não compreendo as preocupações que sua idade exige. No entanto, quando finalmente despertam, além das dificuldades naturais, precisam superar a defasagem que a imaturidade trouxe em relação às mulheres.

A autoestima do homem moderno está no chão. Tudo aquilo que foi aprendido, na prática, se demonstrou irreal. Ele olha ao redor e vê uma sociedade se transformando, com sua esposa mais preparada e ganhando melhor, ocupando um papel que, tradicionalmente, deveria ser dele. A imagem do homem tradicional se desmancha frente ao avanço feminista. Se desintegra no ar feio bolha de sabão, fazendo os machistas terem que erguer os olhos para enxergar, diante de si, o rosto da mulher altiva. E assim o homem, perdido e humilhado, recorre à única vantagem que ainda possui e permanece imune às transformações: a força física.

No entanto, nem tudo está perdido. O homem pode resgatar sua autoestima não competindo com as mulheres, mas estando ao lado dela. Como está provado, a igualdade de condições significa vantagem para as mulheres, isso não vai mudar. Não adianta lutar contra fatos. A revolta não vai apagar, para citarmos apenas um exemplo, o fato do cérebro feminino fazer múltiplas tarefas ao mesmo tempo, fundamental para a velocidade e o número de informações do mundo moderno, ao contrário do masculino, que se concentra em apenas uma ação. Se a natureza nos fez assim, ótimo. Parabéns para elas! Certamente, assumindo o novo papel que se desenha para os homens, é possível reencontrar a autoestima e a felicidade.

2 comentários:

Lua* disse...

Realmente, os homens não deveriam competir com mulheres, e sim, naturalmente, aceitar o fato de que podem estar do lado e ajudá-las. Assim, se tem uma harmonia.

Rick disse...

Este é o ponto principal. Aceitar aquilo que é natural e os papéis sociais que decorrem deles é fundamental para uma vida harmoniosa e sem conflitos. A maioria das brigas vem do inconformismo do homem moderno.