sábado, 25 de dezembro de 2010

O reencontro do corpo masculino


Toda a transformação que a sociedade vem enfrentando, nas últimas décadas, acaba gerando, sem dúvida, mudanças significativas nos valores sociais. Algumas mudanças, no entanto, parece nos remeter a um passado distante, a longínquos tempos que, em uma interpretação linear da história, são erroneamente vistos como algo atrasado. Na verdade, esta volta ao passado nada mais pode ser do que o reencontro com alguns instintos essenciais da humanidade, que, durante longos períodos, podem ter sido encobertos ou ocultados pelo peso da cultura. É o que podemos aferir, por exemplo, ao analisarmos brevemente a forma como o corpo masculino vem sendo exposto na atualidade e sua similaridade com os reconhecidos modelos na Grécia antiga.

Na Grécia, as esculturas retratam livremente homens com pouca roupa, destacando os músculos bem definidos. A preocupação dos gregos com a beleza é reconhecida e, no caso masculino, este parece ser o padrão explorado. No entanto, este padrão desaparece pouco tempo depois. Proibido, em primeiro lugar, pelo machismo patriarcal, o corpo do homem desaparece completamente na idade média. Os retratos, especialmente os masculinos, são sempre com bastante roupa, em um padrão estético completamente destoante ao que os gregos apreciavam. Esta proibição à exposição do corpo masculino perdurou até as últimas décadas do século XX, quando, impulsionado pela força libertadora da mulher, do inegável crescimento dos grupos homossexuais e, de uma forma geral, das mudanças da sociedade, o corpo masculino mais uma vez voltou a ser exibido em forma de arte, sobretudo em fotografias primeiramente ousadas, mas que, com o passar do tempo, se tornaram rotineiras e até banais.

Hoje, o corpo masculino passou a ser exibido e vendido. Como conseqüência, os homens passaram a se cuidar mais, trabalhando o corpo para fazer sucesso e alcançando os padrões estéticos desejados pela mulher. Estes padrões estéticos, se libertando do julgo patriarcal e dos preconceitos, reencontra o que os antigos gregos exaltavam: o corpo musculoso, que se torna sinônimo de masculinidade. Coincidência? Provavelmente, ao se libertar das amarras culturais, a beleza masculina moderna encontrou as mesmas necessidades que nortearam os antigos artistas da Grécia. O corpo musculoso como padrão estético de beleza remete as funções de proteção e a demonstração da força física, que os homens possuem desde o período matriarcal. Tanto antes quanto agora, o corpo musculoso do homem comunica para a mulher proteção, despertando a atração física. No caso feminino, esta exposição lembra ainda mais o que verificamos entre os gregos, pois, ao fugir do erotismo barato, vulgar e superficial direcionado para os homens, encontra a sensualidade das artes, exaltando formas bem definidas que agradem ao rigoroso olhar feminino, que busca, além dos músculos, beleza e sutileza.

2 comentários:

Rick disse...

O texto acima não tem qualquer conotação erótica. Ele analisa as transformações sociais e estéticas por tendo como referência o corpo masculino.
Outro dia eu conversava com uma amiga minha feminista sobre as transformações na forma como o corpo masculino está sendo exposto, o que, por si só, já representa uma mudança social importante e relevante. Percebi, entretanto, como os padrões estéticos de hoje e da Grécia antiga se assemelham. As imagens são para tentar mostrar esta semelhança. Se, além disse, agradarem aos olhos de vocês, tudo bem. Vocês merecem rs

Lua* disse...

Interessante que neste post comenta um assunto não muito falado por aí que são as formas masculinas. E fechou com chave de ouro, as mulheres apreciam, de forma geral, realmente as formas masculinas, mas também a sutileza. Porém, é claro que a decisão final fica pelo caráter do homem, já que poderia indiciar futuramente família mais equilibrada.